MUITAS MARIAS
Primeiro eram duas Marias:
Maria e Mariinha.
Duas Marias portuguesas,
Cada uma da outra era vizinha.
Duas casas de fundo,
E na horta couve e salsinha,
Hortelã e cebolinha.
Mariinha não sabia ler,
Nem seu nome assinar.
Ficou viúva, netos crescidos,
Comprou caderno, foi estudar.
A outra Maria, eu nunca soube,
Se entendia escrita ou leitora.
Já bisavó, saúde de ferro,
Cuidava do bisneto e da verdura.
Havia também mais duas Marias:
Minha avó, noventa e seis, se foi,
A outra Maria já fez noventa,
E as portuguesas vêm logo depois.
Ainda havia mais duas Marias:
Minha irmã e eu.
São tantas essas Marias
Aqui na rua quem não as conheceu?
MARIA INÊS BACHIEGA
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